segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ANJOS DO PICADEIRO

Rio de Janeiro/2010


É incrível quando se crê no inacreditável. Naquilo em que ninguém bota fé. Naquilo que mais parece uma quimera, uma fantasia, um sonho, que pela falta de ar que nos causa é preferível não acreditar que seja possível realizar.
Mas não se trata por fim de uma realização, pois nada que se trate de uma concretude material pode se pensar como uma realização. Se trata da perpetuação de um Sonho. O Anjos do Picadeiro é isso, um encontro num sonho coletivo para a certificação de que acreditar no impossível é muito melhor. E o impossível é um mundo melhor. Um mundo feito jardim. Mas para isso é preciso assumir o lugar imediato, ao qual todos somos convocados, de transformar. Primeiramente, óbvio, a nós mesmo, porém, conscientes de que ao nos colocar, ao optarmos por este processo de “auto-transformação”, estamos implicando esta transformação a tudo à nossa volta. Pois somos seres do ambiente, do meio ambiente.
Assim, como ambiente, como um lugar comum, como uma república pensante e comandada por artistas, por aqueles que vivem do sonho de um mundo melhor, por aqueles que acreditam na transformação, de si e do próximo, que acreditam que esta transformação é o amor, é o trocar, o comungar, o compartilhar de graças, felicidades, alegrias, realizações e também todos os fracassos. Uma república comandada por palhaços. Por seres que acreditam que seu fazer é um caminho para a elevação do espírito.
Assim entendo a vivência dos 08 dias de Anjos do Picadeiro 9.
Mestres generosos, mostrando-nos que o mínimo é nos olharmos como iguais, sermos generosos uns com os outros para que o impulso não pare, para que esse acreditar siga e conecte e contamine mais.
De todos os modos e maneiras, acreditar, realizar e sonhar a arte enquanto meio de viver numa realidade paralela a esta, implicada, imprimida, imposta a todos nós, submetidos à universalização do modo capitalista de existir. Uma realidade que tem como escambo sua arte, que politicamente, utiliza do capital para introjetar uma outra possibilidade de vida que não seja esta, resignada à massificação do cidadão, à rotulação identitária, que torna a todos padrões.
No mundo do palhaço, cada um é palhaço do seu jeito.
Esquísos!
Por Thiago Enoque Sabiá

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