segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ANJOS DO PICADEIRO

Rio de Janeiro/2010


É incrível quando se crê no inacreditável. Naquilo em que ninguém bota fé. Naquilo que mais parece uma quimera, uma fantasia, um sonho, que pela falta de ar que nos causa é preferível não acreditar que seja possível realizar.
Mas não se trata por fim de uma realização, pois nada que se trate de uma concretude material pode se pensar como uma realização. Se trata da perpetuação de um Sonho. O Anjos do Picadeiro é isso, um encontro num sonho coletivo para a certificação de que acreditar no impossível é muito melhor. E o impossível é um mundo melhor. Um mundo feito jardim. Mas para isso é preciso assumir o lugar imediato, ao qual todos somos convocados, de transformar. Primeiramente, óbvio, a nós mesmo, porém, conscientes de que ao nos colocar, ao optarmos por este processo de “auto-transformação”, estamos implicando esta transformação a tudo à nossa volta. Pois somos seres do ambiente, do meio ambiente.
Assim, como ambiente, como um lugar comum, como uma república pensante e comandada por artistas, por aqueles que vivem do sonho de um mundo melhor, por aqueles que acreditam na transformação, de si e do próximo, que acreditam que esta transformação é o amor, é o trocar, o comungar, o compartilhar de graças, felicidades, alegrias, realizações e também todos os fracassos. Uma república comandada por palhaços. Por seres que acreditam que seu fazer é um caminho para a elevação do espírito.
Assim entendo a vivência dos 08 dias de Anjos do Picadeiro 9.
Mestres generosos, mostrando-nos que o mínimo é nos olharmos como iguais, sermos generosos uns com os outros para que o impulso não pare, para que esse acreditar siga e conecte e contamine mais.
De todos os modos e maneiras, acreditar, realizar e sonhar a arte enquanto meio de viver numa realidade paralela a esta, implicada, imprimida, imposta a todos nós, submetidos à universalização do modo capitalista de existir. Uma realidade que tem como escambo sua arte, que politicamente, utiliza do capital para introjetar uma outra possibilidade de vida que não seja esta, resignada à massificação do cidadão, à rotulação identitária, que torna a todos padrões.
No mundo do palhaço, cada um é palhaço do seu jeito.
Esquísos!
Por Thiago Enoque Sabiá

domingo, 26 de dezembro de 2010

TREINO DE VERÃO EM PITUAÇU




 Iniciaremos em Janeiro uma rotina de treinamento que compreenderá a realização de três oficinas:


A PRIMEIRA OFICINA: 
A Arte do Circo trata-se de rotinas de treinamento circense. 
Nesta trabalharemos com princípios de dança contemporânea para amplitude de movimento, repertório de criação e inteligência corporal; e princípios básicos de acrobacia de solo, acrobacia aérea em tecido e trapézio, e malabares. 


A SEGUNDA OFICINA:
Partitura Cômica, esta é de introdução a processos de partituras corporais voltados para a comicidade física.


A TERCEIRA OFICINA:
A Potência Física em Cena, é deriva de princípios de Teatro Físico.


O nosso treinamento, dividido em 12 semanas,  começará no dia 03 de Janeiro e segue até o final de Março - com uma uma pausa no período do carnaval- retornando dia 14/03 para fechamento das criações e ensaios para as apresentações, que serão nos dia 01, 02 e 03 de Abril (local ainda a definir).

A oficina "A Arte do Circo", irá costurar todo o processo do treinamento, com as duas outras sendo aplicadas em dois módulos de duas semanas cada.

Como informado, esta é uma rotina de treinamento que nós, da Cia ObCena, desenhamos  para nós, afim de não somente exercitarmos aprendizados pelos quais passamos, mas também, focar no aprofundamento das linguagens cênicas, na pesquisa corporal e cômica. 
Porém, nos interessa abrir este nosso processo para outros grupos, companhias e artistas, afim de coletivizar-mos processos e rotinas de treinamento e criação cênica.


OBS: Todo o trabalho é fundamentado em materiais teóricos e  práticos derivados de cursos, workshops, oficinas, vivências artísticas pelas quais o artista ministrante passou, aproximadas à este treinamento informações de experiências com os grupos/companhias/artistas como Intrépida Trupe (RJ), Fráctons (SP), Payassu e Engenho (DF), Trupeniquim (BA), Márcio Gabriel - Acromala (BA), Chacovacci (Argentina), Pepe Nuñes (Espanha), Udi Grudi (DF), Alexandre Casali (BA), Andrés Del Bosque (Chile), Lume Teatro (SP), Teatro de Odin (Dinamarca), entre outros.

ESPETÁCULO

Há uma idéia do espetáculo integral que devemos fazer renascer.
O problema é fazer o espaço falar, alimentá-lo e mobiliá-lo; como minas introduzidas numa muralha de rochas planas que de repente fizessem nascer gêiseres e ramos de flores.

Antonin Artaud.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MOVIMENTO ABRE RODAS



Como palhaço de rua é para mim importantíssimo estar em espaço de discussões e entendimentos sobre nossas filosofias, enquanto palhaço e artistas de rua; sobre a função do palhaço de transformação da alma e da missão de estabelecer esta transformação nos locais que precisam de luz, de amor. No dia-a-dia que vivencio na rua, percebo a importância política existente sobre a função do Bufão, seu  lugar de total liberdade, como um feto que nasce em nós, antes mesmo do palhaço, ao qual nós palhaços, como seres em constante transgressão de nós mesmo podemos vir a retornar. Porém, como seres conscientes que somos, chegamos ao bufão com a consciência do palhaço, do artista ativista implicado socialmente nesta transformação das almas - primeiramente a sua própria.  
Acerca da função que nos cabe, a da transformação das almas, e da nossa missão, que é estabelecer esta transformação onde se necessita de luz e amor, acredito criar uma consciência sobre nosso lugar enquanto artistas de rua, fomentadores de uma nova cultura política-sócio-filosófica, que se volta para um movimento de emancipação dos moldes e padrões do sistema capitalista. Entendemos que não buscamos com o nosso fazer nos tornarmos "emergentes", reformadores desse sistema neo-neoliberal-imperialista, mas que através das nossas funções, devemos contornar o paradigma dominante entendendo que, assim como na mola propulsora do sistema há uma dedicação cotidiana à sua manutenção, nós, artistas, e principalmente, nós,  artistas de rua, devemos nos conscientizar de que precisamos nos dedicar cotidianamente à construção de estratégias de emancipação, de trabalho semanal, para assim, construir um sistema econômico-político-cultural paralelo.

Temos que educar cotidianamente a sociedade na qual estamos inseridos em relação à existência da arte de rua, e fazê-los entender, que assim como é digno de nós estarmos ali a trabalhar, é digno que as pessoas paguem pela graça recebida por eles através da nossa função. Temos que nos fortalecer enquanto irmãos, irmandade. SOMOS UM MOVIMENTO E ESTAMOS APRENDENDO COM ELE. Isto quer dizer, que como movimento, já se trata de algo que segue e cresce, e nesse crescimento aprendemos as estratégias para seguirmos e nos profissionalizarmos.
  
Como é um movimento inicial para todos nós, pensamos então de abrirmos nossas caixas de ferramenta para fortalecer nossas ações. Para um fazer artístico profissional e autosustentável é necessário o desenvolvimento de outras frentes de trabalho também. O movimento cresce, mas precisamos entender, como nós, mesmo que não seja como palhaços, podemos contribuir para isto, afim de fortalecermos- nos em sentido duplo: fortalecimento do movimento - o que implica em crescimento de espaço e frentes de trabalho para nós; e fortalecimento individual enquanto profissional, independentemente da área de atuação.

A nossa profissionalização e fortalecimento passa pela função social e educativa da nossa arte. Estamos concebendo que o palhaço é um grande Educador Social com um poder e um alcance incrível (vide Palhaços sem Fronteiras, Doutores da Alegria etc.). Considerando tantas possibilidades é que acredito na mobilização para fazer uma associação e efetivamente, organizar uma comunidade solidária, fortalecendo vínculos e não obedecermos às lógicas capitalistas que nos individualizam.

A arte é uma ferramenta muito poderosa para ser resumida em mais uma tratamento de auto-ajuda ou de trampolim para vaidades pessoais, ou grupais. Devemos considerar que estamos pisando numa realidade imposta e que nossa arte tem o poder de agir sobre essa realidade, transformando-a.

Em Salvador coordeno o “Movimento Abre Rodas”, que é um espaço de formação na arte do palhaço.

Enoque Sabiá

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

de "ser" artista..


A singularidade localiza o sujeito/corpo.
A singularidade talvez seja o ato de reconhecer em si e no outro o que, do todo em que coexiste, está implicado em maior ou menor dimensão. E esta ação pode localizar o sujeito/corpo quando, este percebe por onde caminha, em quais lugares transita, em qual lado da rua se está olhando em outras direções, enchergando, vendo, reconhecendo, identificando familiaridades, em tudo mais a sua volta. 
Mas o modo que se vê o mundo é singular.
Cada um tem em si suas implicações do local, lugar, ambiente, em que coexiste numa específica dimensão de maior ou menor proximidade com certas coisas, cada um com seu modo específico de ver o mundo.


O artista não tem necessariamente a obrigação de considerar, em sua obra, tudo que reconhece dentro das possibilidades das coisas qe coexistem, mas tem a possibilidade de mostrar/ser o seu modo de ver o mundo, como o lugar por onde anda o afeta e ao seu contexto, o quanto assume o ambiente em que opta por coexistir em dimensão de maior proximidade, portanto maior contaminação. Assume sua escolha enquanto atos. Reconhece em si suas escolhas, comprova suas consequências, fala do que é verdade para si. Podendo ser excludente. Mas a ate em "si" não é includente. Ela fala da sensação, seja qual for do indivíduo, do sujeito singular, do artista. Fala para poucos, mas é aberta as relações e conexões com outros.

Enoque Sabiá

sábado, 18 de dezembro de 2010

[tópicos monográficos]

Thiago Enoque Sabiá

O que tenho aprendido durante o período de estudos acadêmicos orientado torna-se mais claro agora, num momento de ordem prática, no qual para realizar esta prática necessito rememorar o aprendizado.
Não se trata apenas de fazer presente a memória de uma época, mas é ver em escalas de aproximação, de ordens de camadas, de dobras e desdobramentos o que aprendi com tal experiência.
Para o caso da Cia ObCena de Artes (aqui Autólise é o projeto em questão), tomando o “aprendizado orientado”1 como referência, compreendo que este requer primeiramente um exemplo de partida, no caso da academia, o projeto de pesquisa do orientador. Deste projeto faz-se a leitura – entre aqueles interessados em ingressar num tipo de troca como esta -, depois se segue com cada aprendiz/aluno interessado, na elaboração dos seus projetos (planos de trabalho),
*Estratégia/modo de iniciar um grupo de pesquisa, de trabalho de criação artística, uma
companhia de arte.
Para um projeto de orientação de um grupo de pesquisa configurado enquanto companhia de artes, a prática do “aprendizado orientado” também mostra-se adequado.
Percebo neste modo de organização uma horizontalização das hierarquias. Para esclarecer: adentra-se num projeto de pesquisa por livre escolha; desenvolve-se a partir de um PB (Projeto Base) um PT (Plano de Trabalho) no qual se atua dialogando com as referencias contidas/trazidas no PB e as singulares do proponente do PT.
Como se trata de um lugar de exercício de comunicação refere-se a instâncias de um projeto base ainda não esmiuçadas, experimentadas, experienciadas, desgastadas. No desenvolvimento de uma dessas instâncias, aquela que parte de uma escolha singular, é que acredito verdadeiramente ser possível a ocorrência da horizontalização das hierarquias.
É exatamente onde as hierarquias se horizontalizam, no momento da exposição e averiguação do aprendizado.
Contudo, ainda no que se refere ao início da organização deste grupo de estudo/pesquisa, deste “aprendizado orientado”, é que: pautar-se num projeto base para a construção e desenvolvimento do seu próprio não se trata de uma submissão, mas sim, de um companheirismo a um projeto eleito, acreditando-se que este está certo.
Não se trata de um modo impositivo e (re)produtivo, como é praticado nos moldes de ensino da educação formal5, mas de atuar na condição de deixar as conexões se estabelecerem, as curiosidades surgirem, as demandas de resolução aparecerem, para iniciar-se uma engrenagem do processo de aprendizado e interesse pelo conhecimento.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

É VENTO DE TODOS!

AUTÓLISE + CORPO QUIASMA

Thiago Enoque Sabiá




                                                  Inaê Moreira                                                  

FOTO: CAROL D'ÁVILA

TEATRO GAMBOA NOVA
NOV/2010

NA ZONA

Começa com um simples ato de percepção.


No tempo das colisões e pressões. 
No tempo que a entropia gritar.
Fazer avançar a miscelânea de auto-quebras.

a CIA OBCENA DE ARTES se configura como um lugar de "ajuda mútua", emancipação e busca para uma autonomia de produção artística, e auto-sustentabilidade.


No tempo em que o "fetichismo da mercadoria" cria uma unidade tirânica e falsa que tende a ofuscar toda a diversidade cultural até na arte, nos aventuramos nos céus e CRIAMOS um lugar, uma saída, uma válvula, um vírus! 
Um lugar de transgressão, de subversão, de nômades, ciganos, viajantes pisíquicos em busca de diversidade, aventura, e verdade, afim de enxergar o mundo através de olhos caleidoscópicos, olhos de algum inseto dourado,  que apresente a concepção de outro mundo inteiramente diverso neste mesmo mundo.


Possivelmente uma TAZ, uma Zona Autônoma Temporária, na sua essência, buscando a experiência de forma imediata, "peito-a-peito". 

Propagando liberdade e autonomia; combinando informações e desejos para intensificar nossa própria emergência! 


E para isso a arte!


Uma arte imoral, sem pudores, uma arte que se contradiz, porque deseja ser.
A liberdade criativa a partir de meios não convencionais, fugindo do comum para que assim se construa uma utilização do que não é visto como útil.

‎"Eu vos digo; é preciso ter ainda caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançarina. Eu vos digo; ainda há caos dentro de vós."

-Z




                                                    Chris Burden

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Autólise – últimas apresentações


Quem ainda não assistiu tem apenas este fim de semana para ver o espetáculo!

Vencedor do edital Yanka Rudzka, Autólise, o solo do ator e dançarino Thiago Enoque tem suas últimas apresentações neste fim de semana, de 05 a 07 de novembro, sempre às 20h, no Espaço Kryacura.

Mais que um espetáculo de dança, Autólise é uma galeria de arte. A performance acontece em um casarão, no largo dois de julho, com instalações artísticas em todos os ambientes da casa. Sons, imagens e objetos configuram um ambiente celular no qual o performer desenvolve suas ações, “células -performances”, enquanto dialoga com o público.

Autólise, segundo a biologia, é o efeito de destruição da célula por suas próprias enzimas, o que gera um processo de auto-ingestão, auto-consumo. O espetáculo busca através da dança contemporânea e de instalações artísticas levar o público a ver nas macro-estruturas sociais o mesmo processo de destruição que ocorre nas micro-estruturas celulares. 

Serviço:
O que: AUTÓLISE - Últimas apresentações
Onde: Espaço KriyaCura_ Rua Democrata, nº 21. Dois de Julho. Centro
Quando: 05 a 07 de novembro, às 20h.
Quanto: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia)
Realização: Cia Obcena de Artes

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Live Action, impulso criativo..


A divindade trickster quebra as regras dos deuses ou da natureza, às vezes mal-intencionada (por exemplo, Loki), mas, normalmente, ainda que involuntariamente, em última análise, com efeitos positivos. Frequentemente, a quebra das regras toma a forma de um "truque" (daí o termo, "trickster", que significa "pregador de peças"). O Trickster pode ser astuto ou tolo, ou ambos. Frequentemente são engraçados e cômicos, mesmo quando considerados sagrados. Um exemplo é o Heyoka sagrado, cujo papel e lançar truques e jogos e, por isso, aumenta a consciência e atua como um equilibrador.
Freqüentemente a figura do Trickster pode mudar de gênero e de forma, alterando seu papel sexual. Nas mitologias dos Povos Nativos Americanos, ou Primeiras Nações, chega mesmo a engravidar, onde se diz ter uma dupla natureza espiritual. Para Jung, tal simbolismo se refere à hamonização psiquica de Animus e Anima (imagens internas da Psique para Masculino e Feminino), dinâmica importante no processo de individuação. Loki, o trickster nórdico, também troca de sexo. Curiosamente, ele compartilha a capacidade de alterar os sexos com Odin, o deus nórdico que preside ao panteão, que também possui muitas características Tricksters (Malandro).
Em algumas culturas, podemos encontrar os mitos da dualidade, como dois demiurgos que criam o mundo, ou dois heróis civilizadores - de modo complementar. Cosmologias dualistas estão presentes em todos os continentes habitados e mostram uma grande diversidade: podem apresentar dois heróis culturais, mas também demiurgos (exemplificando um mito da criação dualista, neste último caso), ou outros seres, os dois heróis podem competir ou colaborar, podendo ser concebidos como neutros ou contrapostos como "bem contra o mal", seja da mesma importância ou distinguidos "como poderoso versus fraco"; podem ser irmãos (mesmo gêmeos) ou não. Entre os Romanos, o exemplo é o mito de Cástor e Pólux. Entre os Nagõ-Iorubá, Exu é uma figura tipicamente Trikster. Sua mitolgia está na raiz da figura do Malandro carioca, com sua navalha lenço de seda e seu terno branco. Exu é frequentemente considerado andrógino. A dualidade também se apresenta como uma espécie e "ambiguidade" que lhe é característica. Em uma narrativa, no qual é figurado como uma criança travessa, Exu veste um chapéu metade azul e metade vermelho. Ao passar entre dois agriculores, um pergunta ao outro "você viu aquele menino de chapéu vermelho", ao que o outro responde "não, eu vi um menino de chapéu azul" - e ambos começam a brigar enquanto Exu se diverte. Exu é o orixá mensageiro, ligando homens e deuses. É o transportador do axé (energia) e mobilizador de tudo que existe. Enquanto movimento, é a própria vida e a dinâmica do mundo, sobretudo relacionado ao imprevisto e ao acidente (daí a ginga, o improviso e o drible, característicos das expressões afro-brasileiras.

B.M no seu banheiro

FOTO: Mab Cardoso

A performance “B.M.”acontece em banheiros e num corpo que organiza o seu discurso como ato subversivo do publico e do intimo nestes ambientes, refletindo sobre masturbação, relações sexuais e escritas nas paredes e portas de banheiros públicos como realizações de pensamentos/desejos íntimos dos sujeitos envolvidos numa sociedade predominantemente heteronormativa. Na performance, propõe-se estabelecer relações entre dois ambientes: reais/virtuais , públicos/privados, permitindo diferentes níveis da sua observação-participação.

Nesta configuração, as pessoas abrem as portas das suas casas para ensaios-performances de B.M., onde participarão da performance junto a mim e os convidados da casa. A conexão com um lugar de ordem publica pode se dar através de uma transmissão via webcam, ou com a projeção do vídeo em TV(na sala) ou parede externa.
Sobre requerimentos técnicos, são poucos e negociáveis em duas versões, uma com transmissão via internet(se for o caso de ter internet em casa) e outra com transmissão numa TV ou com projetor de video.
Se você estiver interessado em receber a performance B.M.

Considere que:
- A performance dura aproximadamente 40 min.
- A performance apresenta nu
- Alguns dos convidados entrarão no seu banheiro (não todos, logo, o numero máximo de convidados é estabelecido em negociação)
- Provavelmente eu esteja acompanhado de mais alguém(s) que colabora(m) comigo. (avisarei com antecipação)
- Chegarei uma hora antes(mínimo) para poder realizar as instalações e observações necessárias.
- Por enquanto só cobro o transporte: 4,60 R$. (Negociavel)
- Provavelmente suje as paredes do seu banheiro com pouco de batom (fica um cheirinho bom,rsrs)
- Gostaria que você realizasse algum tipo de registro falando sobre a experiência como anfitrião.
- Realizarei uma mini conversa pós-apresentação para discussões sobre o trabalho.
é isso!

Convites, Agendamentos e negociações:
(71) 8773 2755 ou thulios@gmail.com
AGENDE!
ou então, acompanhe pelo Link da transmissão online:

Agradecido,
Thulio Guzman



Dia 12 de Novembro, ás 16h



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Autólise é uma obra de arte aberta

Após a estréia na sexta-feira passada, 22, Autólise segue em cartaz até 7 de novembro as sextas, sábados e domingos, sempre às 20h. 

Autólise é antes de tudo e, sobretudo, uma galeria de arte aberta ao público e em constante processo de criação. Na estréia o público pôde conferir as performances do artista Thiago Enoque e a relação com os espaços tomados por instalações artísticas vivas. Sons, imagens, texturas e movimentos criam o ambiente de Autólise que provoca o expectador a pensar onde começa e onde termina a arte, ou mesmo se algo não é arte. 

O dançarino Thiago Enoque começa sua performance de maneira inusitada, entrando e saindo de um estado de transe que deixa o público perplexo. As performances acontecem em diferentes cantos da casa e envolvem o público de diferentes maneiras, desde o diálogo a participação direta e indireta. O diálogo franco é um elemento forte na apresentação, na qual o artista está em cena ao mesmo tempo em que parece não estar. "Algo que sempre me instigou muito na performance é o nível de ousadia que ela nos permite", afirma Enoque durante a apresentação.

O corpo é colocado como expressão singular do indivíduo. Diferentes perspectivas são colocadas: o corpo como objeto de desejo e o mesmo corpo como coisa viva e desprezível. O espetáculo é um crescente de movimentos e energia e termina em seu ápice, no momento de maior participação do público e total entrega do artista. 

Sarah Corral

domingo, 24 de outubro de 2010

CORPO QUIASMA


FOTO: JOÃO MATOS




O espectador constrói a imagem, a imagem constrói o espectador”.
(Jacques Aumont)


O que nos trazem as imagens?
Como são olhadas?



Quanto mais vemos e referenciamos imagens “virtuais”, menos vivemos a realidade “concreta”, e quanto menos vivemos, mais necessitamos de visibilidade. E quanto mais visibilidade, tanto mais invisibilidade e tanto menos capacidade de olhar.
Assim, o primeiro sacrifício desse círculo vicioso termina por ser o próprio corpo, em sua complexidade multifacetada, tátil, olfativa, auditiva, performática e proprioceptiva.
Construindo intrigantes imagens, a partir e através do corpo, questiono o lugar onde  devorar o outro será apropriar-se de toda constituição imagética do mesmo.      



Dia 12 de Novembro no Teatro Gamboa Nova, ás 16h.
R$5 meia



Concepção e Direção: Inaê Moreira
Produção: Cia Obcena

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Autólise estreia amanhã!

FOTO: ANDRES MURILLO

Estréia nesta sexta, 22 de outubro, às 20h, o espetáculo de dança contemporânea Autólise. Vencedor do edital Yanka Rudza, o solo do ator e dançarino Thiago Enoque encara a dança como ação política e faz uma crítica ao consumismo desenfreado. O espetáculo segue em cartaz até o dia 07 de novembro, sempre às 20h, no Espaço Kryacura.

A performance acontecerá em um casarão no centro da cidade, com instalações nos diversos cantos da casa representando ambientes celulares. Para compor esses ambientes serão utilizados sons, imagens e objetos que devem configurar um grande ambiente celular, ou mesmo uma galeria de arte. O performer Thiago Enoque desenvolverá ações, “células-performances”, distribuídas pelo espaço interagindo com o público.

Autólise, segundo a biologia, é o efeito de destruição da célula por suas próprias enzimas, o que gera um processo de auto-ingestão, auto-consumo. O espetáculo busca através da dança contemporânea e de instalações artísticas levar o público a ver nas macro-estruturas sociais o mesmo processo de destruição que ocorre nas micro-estruturas celulares.  


Serviço:
O que: AUTÓLISE - Espetáculo de Dança Contemporânea
Onde: Espaço KriyaCura_ Rua Democrata, nº 21. Dois de Julho. Centro
Quando: 22, 23,24, 29,30 e 31/10, às 20h.
Quanto: R$ 8,00 (inteira) e R$ 4,00 (meia)
Realização: CiaObcena

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Movimento Abre Rodas


Dique do Tororó Domingo na tarde 17 de outubro de 2010.

Missa e praia céu de anil hoje é
Domingo, as boas energias que emanam as águas do dique do Tororó inspiraram paz, harmonia e palhaçadas. Casais, crianças, velhos, cachorros, vendedores, moradores de ruas e quatro palhaç@s até então ansiosos em sua parca vivencia do que a rua realmente clama e o que clamam da arte em si.
Quatro energias em uma caótica órbita.
Uma única função: se misturarem a todos elementos daquele espaço provocando o riso pelo encantamento, a alegria pelo desprendimento, e o amor pela vida. Ao som magnético do tambor, os olhares se conectaram e finalmente aquela entrada de ar,
alívio,
com muita coragem a roda foi formada, e o mais difícil, mantida. Uma vitória para aqueles que saem do comodismo e partem rumo a prática, levando na cara, mastigando, engolindo, e regurgitando. Segundo a segundo a argila se molda, e observamos o que funciona, o que não passa de teoria, e o que muda dentro de cada um de nós.
Aos tropeços, arremessos, adereços, e endereços, a missão foi concluída como dois olhos que se abrem para a luz rosada do final de tarde, com vontade de ver outra vez o sol nascer e se por, numa seqüencia sem fim, ver o jogo cíclico da vida se estender no sorriso e carinho das pessoas que tiveram a partir daquele momento a liberdade de sorrir contra um sistema opressor de alienação televisiva em fim de domingo. Esses quatro trapalhaços experimentaram o mais fino mel da abelha abelhinha, e a delicia de sua ferroada no nariz, o gosto da liberdade que um sorriso proporciona por você ser você mesmo.

Coxinha;Farrapo; Zóinha e Fidalguino.



Texto e Fotos: Danila Maia ( CoXinha)

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